Justiça não brinca em serviço e ex-Cruzeiro será réu em processo de criptomoedas
O juiz Daniel Fadel de Castro, da 10ª Vara Cível do Tribunal de Justiça, ganhou destaque. O magistrado acatou o pedido da defesa de Gustavo Scarpa, jogador de futebol, para incluir a empresa de Willian Bigode, ex-Cruzeiro, sua esposa e sócia Loisy Coelho.
Ainda incluiu a outra sócia Camila Moreira de Biasi Fava como réus em um processo envolvendo o desaparecimento de mais de R$ 6 milhões em criptomoedas, investigados pelo meia.
Essa medida representa um novo capítulo neste embate judicial e coloca em evidência os desafios e complexidades enfrentados quando se trata do uso e da proteção de ativos digitais.
Decisão judicial inclui Willian Bigode, ex-Cruzeiro e sua empresa como réus em caso de criptomoedas desaparecidas
No caso em questão, o investimento de Gustavo Scarpa na Xland foi realizado mediante indicação do atacante Willian, que, à época, era seu companheiro de equipe no Palmeiras e atualmente atua no Athletico.
Willian, juntamente com sua esposa Loisy e a sócia Camila, é proprietário da WLJC Consultoria e Gestão Empresarial. Nessa nova fase do processo, a inclusão da WLJC, assim como de Willian, Loisy e Camila, no polo passivo, significa que eles estão entre os responsáveis por arcar com o valor que Scarpa perdeu após o investimento na Xland.
A defesa de Willian apresentou um recurso em relação a essa decisão, o qual foi protocolado nesta sexta-feira, buscando contestar essa inclusão.
No início do mês, o juiz Daniel Fadel de Castro já havia concedido à defesa de Willian um prazo para responder a essa solicitação dos advogados de Scarpa, e agora, em sua decisão publicada na quinta-feira, comunicou sua determinação sobre o caso.
“Ao que os elementos contidos nos autos indicam, através de seus sócios, a empresa requerida (WLJC) atuou como interlocutora entre o autor (Scarpa) e as demais prestadoras de serviço, restando incontroverso que era responsável pela captação de clientes para a requerida Xland e com esta mantém ou mantinha verdadeira parceria comercial – diz trecho do documento”.
“Ressalto que há extensas trocas de mensagens via aplicativo WhatsApp entre o autor e a sócia Camila, bem como entre o autor e o sócio Willian, sequer contestadas pelos réus claramente intermediando as negociações de investimento, com o envio do contrato, orientação acerca dos valores para investimento e mesmo indicando a conta para os depósitos, a evidenciar captação”, acrescenta o juiz.
Gustavo Scarpa, atualmente no Nottingham Forest, clube inglês, adicionou novos áudios ao processo em abril, para reforçar sua alegação de que Willian Bigode atuou como intermediário no negócio em questão.
No entanto, o jogador do Athletico-PR contesta essa afirmação. Um dos áudios, ao qual o Globo Esporte teve acesso, mostra uma conversa entre Bigode e Scarpa, na qual o atacante tenta tranquilizá-lo, afirmando que a Xland devolveria o valor que o meia buscava recuperar.
O advogado de Scarpa argumenta que essas mensagens comprovam que o jogador era cliente da WLJC, empresa de consultoria financeira de Willian Bigode e intermediária no negócio com a Xland. No entanto, a defesa do atacante do Athletico-PR contesta essa interpretação.
Além de Gustavo Scarpa, outro jogador que realizou investimentos em criptomoedas por indicação da empresa de Willian Bigode foi Mayke.
Ambos registraram um Boletim de Ocorrência em novembro, revelando que, juntos, perderam mais de R$ 10 milhões nesse investimento. Willian também afirma ter sofrido um prejuízo significativo, estimado em R$ 17,5 milhões.
Investigação revela contradições sobre negócio de criptomoedas envolvendo Willian Bigode e Gustavo Scarpa
Gustavo Scarpa foi introduzido à Xland por meio de Willian Bigode, e seu advogado, Carlos Henrique de Oliveira Pereira, argumenta que os novos áudios adicionados ao processo comprovam a relação de cliente entre Scarpa e a empresa de Bigode. Portanto, Pereira acredita que Willian e os sócios da WLJC devem permanecer como réus no caso.
No entanto, a defesa de Willian, representada pelo advogado Bruno Santana, já discordava dessa visão desde o início, afirmando que não havia uma relação de cliente entre Scarpa e a WLJC, uma vez que o jogador não fez pagamentos à empresa.
Os contratos assinados pelos atletas com a Xland têm como garantia 20kg de alexandrita, uma das pedras preciosas mais valiosas atualmente. Essas pedras estão retidas em uma caixa de segurança em São Paulo.
A Xland apresentou um laudo alegando que o valor das pedras era de R$ 2,5 bilhões, embora tenha gasto apenas R$ 6 mil para adquiri-las. No entanto, especialistas consideram esse valor irreal e questionável.
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